O ABANDONO DO FORTE DA JEQUITAIA



por Anésio Ferreira Leite

8º Conde dos Arcos
Mandou construir o Forte da Jequitaia





Forte da Jequitaia - Foto: Google

Esse foi o último forte construído na cidade do Salvador, ele é de 1817, seguramente, para proteger a entrada de um canal projetado pelo 8º Conde dos Arcos e que permitiria seccionar a Península de Itapagipe, não havendo mais a necessidade das embarcações montarem o promontório do Mont Serrat para chegar ao bairro da Ribeira. O que era perigoso em dias de temporal forte. 

Vim a conhecê-lo de uma forma um tanto quanto pitoresca, um amigo, sabendo que eu era militar, disse-me que onde ele trabalhava tinha um grande canhão e que um amigo seu, iria levá-lo para ornamentar um sítio que possuía nos arredores da cidade. Fui ver o tal canhão e descobri que ali era o forte da jequitaia, que estava dentro da área que havia pertencido ao Conselho Nacional do Petróleo (CNP), e, quando esse órgão transferiu-se para o Rio de Janeiro, deixou aquela área para a recém criada Petrobras (1954). O forte estava degradado, haviam tirado o seu telhado e em cima de suas grossas muralhas construíram uma clínica odontológica. Como a parte de baixo permanecesse fechada ninguém sabia que ali era um forte. 

O canhão media 3,15 metros de comprimento, pesava aproximadamente, três toneladas e era do período colonial. Providenciamos de imediato a retirada do mesmo daquele local, colocando-o no Centro de Amaralina, antigo quartel de artilharia de costa, preparando para ele uma base num local digno de um canhão histórico do seu valor. Posteriormente foi removido para ornamentar uma piscina construída naquele Centro. Foi a primeira vez que vi canhão ornamentando piscina. Já vi canhão mergulhando em piscina... 

Tempos depois a Petrobras anunciou a alienação da área para a iniciativa privada, o forte no meio. De imediato a ABRAF promoveu uma reunião na sede do Jornal A Tarde, em que participaram associados da ABRAF, representantes do Jornal e da Petrobras. A postura firme em deixar claro que se ela insistisse na venda, nós iríamos levantar a cidade contra eles. Voltaram atrás. 

O abandono do Forte da Jequitaia se deu após sua plena recuperação com recursos da Petrobras para ali sediar o Museu do Petróleo. Nada mais justo, não fosse o inusitado do seu abandono e ninguém dizer nada. Nenhuma satisfação! A ABRAF fez um expediente oferecendo-se para auxiliar na administração do museu se o problema fosse de gestão. Recebeu como resposta da direção local da Petrobras, que não era essa a dificuldade e que as obras seriam concluídas e o museu instalado. Fazem mais de quatro anos. O que pensar? A quem recorrer? 

Com a palavra as autoridades da área de educação, turismo e cultura para que nos esclareçam sobre as nossas dúvidas. Vai realmente sediar o museu do petróleo? Quando? A Fundação Cultural do Estado da Bahia sabe alguma coisa a respeito desse assunto? 

A verdade é que as instalações e os equipamentos estão sofrendo com a ação do tempo e da maresia e que já se faz necessária uma manutenção nas partes metálicas de grades e pisos. Ar condicionado central, elevadores, escadas e passadiços, da mesma forma. Às vezes sou forçado a concordar com o que atribuem ao Gen De Gaulle, o Brasil não é um país sério!


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Anésio Ferreira Leite é militar,
formado em Administração de empresas e
Diretor Presidente da ABRAF
+55 719 9122-8776
e-mail: abraf.presidencia@gmail.com

Comentários

  1. Pelo que soube quando adolescente, por intermédio de minha avó, seu pai foi comandante é morador dessa fortaleza, possivelmente nos extertores do século dezenove. Ele foi voluntário da pátria desde abril de 1865 e participou dos combates desde o cerco de Uruguaiana até a entrada em assunção no ano novo de 1870. Começou o serviço como alferes e era capitão no retorno da guerra do Paraguai. Permaneceu incorporado ao exército brasileiro por anos

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