Uma viagem no tempo











No último dia 13 de dezembro, o Museu Vivo da Abraf participou da procissão em homenagem à Padroeira de Santa Luzia do Itanhy, em Sergipe, povoação mais antiga do Estado e rica em tradições históricas, iniciadas nos idos do século XVI por Garcia d’Avila, rico fazendeiro português na Bahia que aqui chegou na Comitiva de Tomé de Souza, em 1549. 


Por ordem de D. Luiz de Brito, governador-geral do Norte do Brasil, é designado para conquistar as terras dos índios Tupinambás no sul daquele estado e eliminar a presença francesa em Sergipe, posteriormente consolidada pelo Padre Gaspar Lourenço e seu irmão de hábito João Solônio, em 1575, após vencer os índios e acabar com a presença de franceses na região.


Dragão Thauan Martins
Dragão Anderson Moreira

Procissão
Carro transportando imagem de Santa Luzia






Ainda no dia 13, tivemos a oportunidade de conhecer a ponte construída na cidade de Estância para que o Imperador D. Pedro II, quando lá esteve em visita, em 1860, pudesse ter acesso em melhores condições ao bairro industrial.




Antigo bairro industrial de Estância-SE


Ponte construída para a passagem de D. Pedro II


Aproveitando o ensejo, a Comitiva da Abraf prolongou um pouco mais a viagem para conhecer, no dia 14, o Casarão da Usina São Felix, recentemente restaurado e que no passado pertenceu ao Barão do Timbó, João José de Oliveira Leite, que ali residiu  no século XIX e a Cachaçaria Reserva do Barão, iniciada por ele e, ainda hoje, pertencente aos seus descendentes, naturalmente modernizada em equipamentos e tecnologia.

Casa Grande da Fazenda São Félix - Barão do Timbó

Porcelanas do Barão


Reserva do Barão - a cachaça do Império


Caldo de cana  em preparação para se tornar a cachaça 


Thauan Martins fazendo a prova da  "primeira cachaça"




A Reserva do Barão fica armazenada durante seis anos em barris de carvalho.
Cel. Leite




Barão do Timbó



João José de Oliveira Leite era o seu nome de batismo – Coronel da Guarda Nacional, Barão de Timbó por decreto de 11 de julho de1888 (Enciclopédia Delta Larousse, vol 12, pág 662), nascido a 12 de abril de 1821 na Vila de Inhambupe, Estado da Bahia, filho do Cel João José Ferreira Leite e de Ana Rita de Oliveira Leite, fazendeiros, estudou no Colégio São Pedro de Alcântara, na Bahia, indo residir no Engenho Santa Sofia do Rio Branco de sua propriedade, no município do Conde, no norte da Bahia. Casou-se muito moço com Izidora Umbelina de Paiva Leite, de cuja união teve os seguintes filhos: Olímpio César de Oliveira Leite, João José de Oliveira Leite, Filomena Dias Leite (minha bisavó), Adelaide de Souza Leite, Amélia Fontes Leite e Clotilde Leite de Noronha. Viúvo, com seis filhos, casa-se com D. Joaquina Hermelina, herdeira do Engenho São Felix (Se), também com seis filhos. Três dos seus filhos casam-se com filhos de sua nova esposa.  



Em 1848, foi nomeado tenente-coronel, comandante do Décimo Primeiro Batalhão da Guarda Nacional na paróquia de Abrantes, na Bahia, Em 1858, por decreto imperial, foi promovido a Coronel-Comandante Superior da Guarda Nacional do município do Conde (Ba). Durante a Guerra do Paraguai, prestou relevantes serviços ao Império, aliciando voluntários, sacrificando sua fortuna pessoal. Como recompensa, recebeu da Coroa, a título de gratidão, a Comenda da Ordem da Rosa, criada em 1829 por D. Pedro I, em comemoração ao aniversário de casamento com a austríaca D. Amélia (decreto Imperial de 21 out 1874). Em 11 de julho de 1888 foi agraciado com o título de Barão do Timbó.


Usina
 Ficando viúvo do seu segundo casamento em 1897, volta a contrair novas núpcias, em 1904, aos 84 anos, com D. Júlia Batista, com quem viveu até sua morte aos 98 anos, no dia 5 de agosto de 1919. Do seu diário pessoal: “Com a política gastei tempo, saúde e fortuna, e tendo feito ou conseguido a nomeação de juízes, promotores e deputados, senadores, oficiais da Guarda Nacional, vencido demandas alheias, etc; de tudo isso só colhi senão ingratidão, indiferença completa”. Um fato curioso e bastante conhecido sobre o Barão “ao regressar para casa num dia chuva e, impossibilitado de chegar à sua residência, parou numa fazenda da redondeza para passar a noite. Só que não conseguia dormir, pois a dona da casa gritava sem parar com as dores do parto. Então ele pegou da pena e um pedaço de papel, escreveu algo e mandou pendurar no pescoço da mulher a qual em dois minutos pariu. Os anos se passaram e cada mulher que paria, usava a bendita simpatia do Barão. 



Salão de baile

Escrivaninha

Sala de jantar

Prataria

Relógio - século XIX





Sala de jantar

Senzala



Parede feita em taipa



Vista da fazenda
 Um dia, o papel rasgou-se pelo uso e, lá estava escrito:
“Passando bem,
eu e meu cavalo Alazão,
pouco me importa
que esta mulher vá parir ou não”








Uma viagem no tempo!


Comentários

  1. Meu falecido esposo Olimpio César de Oliveira Leite era filho de João César de Oliveira Leite Jr, neto do Dr. João César de Oliveira Leite, bisneto de Olímpio César de Oliveira Leite e trineto do Barão de Timbó, João José de Oliveira Leite. Meu filho se chama Olímpio César de Oliveira Leite Jr. Muito bom ter acesso `a história do Barão de Timbó e saber que o Engenho S. Félix está sendo preservado.

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  2. Sra Leonina, como vai? Algum desses teria sido escrivão da Vara de Orfãos em Salvador?

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